segunda-feira, 27 de junho de 2011

O PERIGO DA GORDURA LOCALIZADA


Por muito tempo se considerou que a gordura corporal como a vilã de uma série de doenças, desde infartos e derrames até apnéia do sono, de vários tipos de câncer a problemas na coluna.
O que se verifica hoje, é de que forma esta gordura está distribuída pelo organismo e não mais a quantidade de gordura que a pessoa possui.
A gordura mais danosa ao corpo humano quando se fala em termos de saúde é aquela que se concentra no abdômen, a famosa barriga “de cerveja”, no caso dos homens. Ela é chamada de gordura visceral ou intra-abdominal.
Hoje mais de 70% dos brasileiros adultos têm um acúmulo de gordura na cintura, acima do limite ideal.
Os perigos oferecidos por este tipo de gordura decorrem de sua proximidade com órgãos vitais como: fígado, intestino, rins e pâncreas.
Para avaliar os riscos associados à obesidade, a melhor e mais barata ferramenta é uma fita métrica. A circunferência da cintura é o melhor parâmetro para avaliar os riscos impostos pelo acúmulo de células adiposas.
Para ter uma noção do que significa esta gordura no corpo, veja estes dados:
  • Ela triplica o risco de infartos ou derrames.
  • Aumenta em cinco vezes a probabilidade de diabetes.
  • Oferece 30% a mais de risco de câncer, em especial os de mama, útero e colón.
  • Pode reduzir o colesterol bom, o HDL.
  • Pode aumentar o taxa de triglicérides e o acúmulo de colesterol ruim, o LDL.
  • Pode elevar a pressão arterial.
  • Pode facilitar a apnéia do sono.
  • Aumento de casos de câncer de intestino grosso, rins, endométrio e ovários.
Quanto menor é sua circunferência da cintura melhor, porque significa que a cinturinha de pilão deixou de ser uma questão estética para se transformar numa questão de saúde.
Começou na década de 40 a preocupação de como a gordura se distribui no corpo e a partir disso, duas silhuetas ficaram caracterizadas, aquela em forma de pêra e aquela em forma de maçã.
No formato pêra, a gordura se concentra predominantemente na região do quadril, coxas e nádegas, sendo que este tipo acumula a gordura subcutânea (logo abaixo da pele) não compromete tanto o funcionamento do fígado, rins ou pâncreas, funciona como um depósito de gordura, evitando com isso que elas se acumulem em órgão vitais.
No formato maçã, o acúmulo de gordura se situa preferencialmente em volta da barriga, e nela predomina a gordura visceral, mais nociva a saúde do organismo.
Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o tecido adiposo era um simples depósito de gordura. Em meados dos anos 90 foi descoberto que ele produz mais de uma centena de substâncias, inclusive hormônios.
A gordura visceral e mais perigosa por várias razões. A primeira delas é que as células do tecido adiposo visceral são pouco eficientes em reter gordura dentro delas. Por estarem muito próximas de órgãos importantes da cavidade abdominal, ao liberar moléculas de gordura elas afetam o funcionamento do pâncreas, do fígado, dos rins, etc.
Com atividade prejudicada, esses órgãos acabam por comprometer também a saúde cardíaca. Some-se a isso o fato de que a gordura visceral produz uma série de compostos que direta ou indiretamente aumentam a quantidade de açúcar no sangue, impedem ação do hormônio insulina (podendo com isso deflagrar diabetes) e deixam as paredes arteriais mais frágeis, facilitando a ocorrência de infartos e derrames.
Saiba o que as células de gordura produzem:
ADIPONECTINA: substância que protege o sistema cardiovascular, impedindo que placas de LDL (o colesterol ruim) se depositem na parede dos vasos sangüíneos. A adiponectina se reduz conforme a obesidade aumenta, especialmente a visceral. Quer dizer: mais obeso menos protegido.
LEPTINA: hormônio que avisa ao cérebro que já há gordura suficiente estocada, inibindo o apetite. Nos obesos, aparece aumentada (isso é muito bom), mas eles desenvolvem algum tipo de resistência para seus efeitos de saciedade.
ÁCIDOS GRAXOS LIVRES: gordura que se acumula no fígado, no músculo e provavelmente no pâncreas, colaborando para a resistência a insulina, que é precursora do diabetes. O acúmulo no fígado provoca a esteato-hepatite que pode levar a cirrose. Também altera o endotélio, camada interna dos vasos sangüíneos, facilitando a criação de placas que causam tromboembolismo, infarto ou derrame.
ANGIOTENSINA II: substância que contrai os vasos sangüíneos e provoca a hipertensão.
RESISTINA: proteína cuja produção é aumentada em obesos. Ela se liga a receptores na superfície de outras células e as tornam resistentes à insulina.
PAI-1: fator coagulante que aumenta o risco de trombose.
ENZIMAS que interferem nos hormônios sexuais, transformando, por exemplo, o estradiol em estronas, relacionadas ao aparecimento de câncer de mama e de endométrio.
ENZIMAS que ativam o cortisol, o “hormônio do estress”, que favorece a deposição de gordura na barriga.
INTERLEUCINA-6: produzida quatro vezes mais pela gordura visceral que pela subcutânea, estimula a secreção pelo fígado da proteína C-reativa, que contribui para o depósito de placas de gordura nos vasos sangüíneos.
FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF-alfa): proteína inflamatória que atinge o endotélio, interferindo em suas funções de regulação da pressão sangüínea e facilita a adesão de placas de gordura nas paredes dos vasos.


A avaliação precisa do acúmulo de gordura visceral só é possível com exames de tomografia computadorizada conforme foto acima, mas os custos são elevados. Por isso uma maneira mais econômica de verificar isso é medir a circunferência da cintura.


Para isso basta passar uma fita métrica em volta de sua barriga na altura do umbigo seguindo os seguintes passos:
  • A medição deve ser feita com o tórax sem roupa.
  • A fita métrica deve ser colocada na altura do umbigo.
  • O abdômen deve estar relaxado e expirando. Não vale prender a respiração.
Para a América Latina os valores de referência são 80 centímetros para as mulheres e 94 para os homens.
Algumas pessoas pensam em resolver isso com uma lipoaspiração, mas estão enganadas.
A cirurgia pode funcionar no ponto de vista estético, mas para a saúde não faz a menor diferença, porque a operação não elimina gordura visceral, pois ela é muito entranhada na cavidade abdominal e a cânula usada nessas cirurgias não é capaz de aspirá-la.
O único jeito de conseguir uma cintura de pilão que seja também sinônimo de saúde é seguir a velha e boa cartilha dos hábitos de vida saudáveis e que ninguém pode fazer por você: alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares bem orientados por um profissional de Educação Física, tudo regado com muita disciplina e perseverança.
Uma redução de 9 cm na circunferência do abdômen equivale uma diminuição de 30% da gordura visceral, isso já é um incentivo para você começar a se cuidar desde já.
Fontes: Federação Internacional de Diabetes (www.idf.org), Federação Mundial de Cardiologia (www.wordheart.org), Sociedade Brasileira de Cardiologia (www.cardiol.br).

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